‘É um amigo para todas as horas’; veja perguntas e respostas sobre cães-guia

Lívia Marra

Eles são os olhos, companhia inseparável e dão independência, mas poucos deficientes têm um cão-guia no Brasil.

Segundo dados do Censo de 2010, o país tem aproximadamente 6,5 milhões de deficientes visuais e cerca de 200 animais em serviço. Falta de incentivo financeiro, carência de voluntários para a socialização do animal e até de treinadores contribuem para esse baixo número. O resultado são longas filas de espera em institutos que oferecem o animal.

Para agradecer e lembrar da importância desse peludinho esperto e treinado para ajudar, o Dia Internacional do Cão Guia é comemorado anualmente na última quarta-feira de abril.

Além de auxiliar no trajeto, indicar obstáculos e dar mais segurança, eles favorecem a interação, já que muitas pessoas se aproximam para brincar e saber sobre o animal.

“Há quase dois meses juntas, a Etna tem me proporcionado uma experiência mágica. Além da companhia, aumentou minha interação social. As pessoas ficam curiosas sobre ela e acabam se aproximando. Nunca fui de ficar muito em casa, mas agora saio ainda mais. Ela me guia super bem, impede acidentes e cuidamos uma da outra”, diz Daniela Elis Fonseca, 40, formada em administração de empresas e atendida pelo Instituto Magnus, de São Paulo.

Eles são irresistíveis, mas, quando encontrar um cão-guia na rua, evite desviar sua atenção com brincadeiras. Afinal, ele está trabalhando.

O cachorro também é um companheiro para todas as horas. A opinião é do aposentado Carlos Eduardo Alvim, 55. Em depoimento ao instituto, a pedido do blog, ele afirma que só “quem recebe um cão-guia consegue entender o que ele representa”.

Carlos Eduardo Alvim e o cão-guia (Divulgação/Instituto Magnus)

“Recebi a Jade em fevereiro e desde então foram descobertas a cada dia. Como ela é meu segundo cão-guia, pensei que já sabia de tudo. Porém, cada animal é único e possui seu temperamento (…) Ao mesmo tempo que te traz mobilidade e segurança, é um amigo para todas as horas, companheiro, parceiro. Quanto a Brida, meu primeiro cão-guia, agora aposentada, ainda mora comigo e passeamos às vezes para matar a saudade, porém, sem o arreio para ela se divertir.”

Em Pernambuco, a Escola Cão-Guia do Kennel Club do estado faz, em média, duas entregas de animais por ano. -O professor Gustavo Tavares Dantas, 43, convive desde 2013 com a golden Aisha, formada no local.

“Minha história com Aisha é muito bonita, é de companheirismo. Passei mais de 30 anos andando com uma bengala, sou cego desde os meus dois meses de idade. Andar com uma ajuda de um cachorro foi algo desafiador e apaixonante ao mesmo tempo. Estou há cinco anos com ela e há cinco anos que não saio sem a minha companheira. Ela é um pedaço meu. É um complemento do meu corpo”, diz Gustavo.

SAO PAULO, SP, BRASIL, 24-04-2013, 13h40: Cegos com seus c„es-guia fazem caminhada pela Avenida Paulista para conscientizar as pessoas da import‚ncia dos c„es para os deficientes visuais. No Brasil, ainda n„o h· treinamento suficientes para os bichos e È preciso import·-los. O treinamento custa cerca de R$ 15 mil. (Foto: Marcelo Justo/Folhapress, COTIDIANO ***EXCLUSIVO***

 

PERGUNTAS E RESPOSTAS

– Posso brincar com cão guia na rua?
Não. O cão com o arreio está em serviço e isso pode distraí-lo.

– Qualquer raça pode ser um cão-guia?
Não. Raças de pequeno porte não são usadas porque o animal precisa ter boa estrutura para vestir os arreios e conduzir a pessoa. A escolha das raças varia conforme casa país. Labrador e golden retriever são maioria.

– Como os animais são treinados?
Após os dois meses de vida, os cães vão para a família socializadora, que, ao longo do primeiro ano de vida, têm o compromisso de expor o animal a uma rotina diária com tarefas como andar em transporte coletivo, passear em espaços públicos, conviver com outros animais e pessoas, entre outras atividades, como não subir no sofá, não ficar pedindo comida. Por lei, o voluntário tem direito a entrar com o filhote em todo lugar, como se ele já fosse um cão-guia. Depois, os cães são devolvidos ao instituto para serem treinados como guias —o que leva em torno de 18 meses. A última etapa envolve o deficiente visual, para que se adapte ao novo companheiro.

– Cães-guia se aposentam? Para onde vão?
Sim, se aposentam ente 8 e 10 anos, em média. Na maioria dos casos, ficam com o tutor, como animal de estimação. Se a pessoa não pode ficar com ele, às vezes por questão de espaço, deixa com alguém próximo.

– Qual a origem dos animais?
O Instituto Magnus tem uma maternidade e cães reprodutores. A Escola de Cães-Guias Helen Keller, no Sul do país, também tem sua maternidade para o programa. O Instituto Iris afirma que a formação do animal tem um rigoroso processo de seleção genética, reprodução e nascimento assistido. Mas tem gente que recorre a animais até fora do país.

– Quanto custa ter um cão-guia?
É um programa social, não há custos para o usuário. Para o Instituto Magnus, um cão-guia entregue custa em média R$ 70 mil, incluindo alimentação, veterinário, vacinas.

FONTE: Thiago Pereira, gerente-geral do Instituto Magnus; Instituto Iris, Projeto Cão Guia de Cegos do DF, PremierPet, Escola de Cães-Guias Helen Keller, Fundação Dorina Nowill

  • https://bompracachorro.blogfolha.uol.com.br/2019/04/24/e-um-amigo-para-todas-as-horas-veja-perguntas-e-respostas-sobre-caes-guia/

Postagens Relacionadas